segunda-feira, abril 14, 2008

Courbet


A questão da arte moral ou imoral – se a arte deve ser “art for art’s sake”, independentemente da moralidade -, apesar de muito simples solução, não tem deixado de ocupar desagradavelmente muito pensador, essencialmente dos que desejam provar que a arte deve ser moral.
Em primeiro lugar demos inteira razão – é evidente que a têm – aos estetas; a arte tem, em si, por fim só a criação de beleza, à parte as considerações de ser moral ou não. Se isto é assim, quem manda pois à arte ser moral? A resposta é simples: a moral. Manda-o a moral porque a moral deve reger todos os actos da nossa vida. Têm errado aqueles que têm querido achar razão, dentro da própria natureza da arte, para a arte ser moral. Não existe essa razão onde a procuraram. A arte, que é arte, tem por fim apenas a beleza. A razão que a manda ser moral existe na moral, que é exterior à estética; existe na natureza humana.
A arte tem duas funções: a feição puramente artística e a feição social. A feição artística é criar a beleza – nada mais.

Fernando Pessoa, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, p. 55

1 comentário:

  1. "Somewhere where I Shall never live
    A palace garden bowers
    Such beauty that dreams of it grieve
    There,lining walks immemorial,
    Great antenal flowers
    My lost life, before soul, recall
    There I was Happy and the child
    That had cool shadows
    Wherein to feel sweetly exiled
    They took all these true things away
    O my lost meadows!
    My childwood before Night and Day!"


    Anacleta Murcha in "Poemas de Xungosos Após a Dose no Casal Ventoso", Revista "Espírito", nº 2, 2005.

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