"O senhor Andy Warhol, artista Pop, expõe cópias exactas de caixas de papelão de Brillo (famosa marca americana de detergentes para a loiça) cuidadosamente empilhadas ao alto, como no armazém de um supermercado.
Acontece que são de madeira, se bem que pintadas de modo a parecer papelão. E por que não? (...)
Sucede que o preço destas caixas é milhares de vezes superior ao das suas réplicas da vida real -uma diferença que dificilmente pode ser atribuída à sua maior durabilidade. O que faz dessas coisas obras de arte? E porque precisa Warhol de fazer essas obras à mão? (...)
O que afinal faz a diferença entre uma caixa de Brillo en uma obra de arte que consiste numa caixa de Brillo é uma certa teoria da Arte. É a teoria que a mantém no mundo da arte e a impede de resvalar para o objecto real que é (num outro sentido de ser diferente do de identificação artística). Claro que é improvável que sem a teoria alguém a visse como arte. De modo a vê-la como parte do mundo da arte, uma pessoa tem que dominar bem a teoria da arte, assim como precisa de ter um profundo conhecimento da história da pintura nova- iorquina recente."
Arthur Danto, A libertação artística dos objectos reais: o mundo da arte.
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