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Foto: Helena Serrão
Um blogue de Filosofia para professores e alunos, filósofos e não-filósofos.
Foto: Helena Serrão
BOM, COMEÇOU O NOVO ANO LECTIVO, DESEJAMOS A TODOS OS QUE NOS VISITAM UM CHOQUE SUAVE! AQUI VAI!
" O artista é o criador de coisas belas.
O objectivo da arte é revelar a arte e esconder o artista.
O crítico é aquele que consegue traduzir de uma outra maneira ou em novomaterial a impressão que nele geram as coisas belas.
(...)
A vida moral do homem faz parte da matéria do artista, mas a moralidade da arte consiste no uso perfeito de um meio imperfeito. Nenhum artista pretende provar nada (...)
Nunca um artista é mórbido. O artista pode dar expressão a tudo. O pensamento e a linguagem são instrumentos de arte para o artista. O vício e a virtude sãopara ele matéria de arte.
Toda a Arte é simultaneamente superfície e símbolo.
O que a arte espelha realmente é o espectador e não a vida.
A diversidade de opiniões relativas a uma obra de arte revela que a obra é nova, complexa e vital.
Quando os críticos discordam, está o artista de acordo consigo próprio."
in Oscar Wilde, O retrato de Dorian Gray (prefácio), Col. Livros RTP, Biblioteca Básica Verbo, Lisboa 1971
Texto proposto pela colega de História, Elizabete Fernandes
Arte e Moral
A questão da arte moral ou imoral – se a arte deve ser “art for art’s sake”, independentemente da moralidade -, apesar de muito simples solução, não tem deixado de ocupar desagradavelmente muito pensador, essencialmente dos que desejam provar que a arte deve ser moral.
Em primeiro lugar demos inteira razão – é evidente que a têm – aos estetas; a arte tem, em si, por fim só a criação de beleza, à parte as considerações de ser moral ou não. Se isto é assim, quem manda pois à arte ser moral? A resposta é simples: a moral. Manda-o a moral porque a moral deve reger todos os actos da nossa vida. Têm errado aqueles que têm querido achar razão, dentro da própria natureza da arte, para a arte ser moral. Não existe essa razão onde a procuraram. A arte, que é arte, tem por fim apenas a beleza. A razão que a manda ser moral existe na moral, que é exterior à estética; existe na natureza humana.
A arte tem duas funções: a feição puramente artística e a feição social. A feição artística é criar a beleza – nada mais.
Fernando Pessoa, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, p. 55