Aceitemos, portanto, a realidade física, quer à maneira sã do homem da rua quer com um ou outro grau de sofisticação científica. Fazendo assim constituimo-nos recipientes e portadores do saber dos tempos. Depois, desenvolvendo em detalhe a nossa assim aceite teoria da realidade física, tiramos conclusões a respeito, em particular, do nosso eu físico, e até a respeito de nós próprios como depositários do saber.Uma destas conclusões é que este mesmo saber em que estamos lançados nos foi induzido por irritação das nossas superfícies físicas e não de outro modo. Aqui temos um pequeno aspecto do saber sobre o saber. Ele não tende, se considerarmos correctamente , a rebater o saber a que se refere. (...)
Uma vez que vimos que no nosso conhecimento do mundo exterior não temos nada para começar senão a irritação da superfície, duas questões se intrometem -uma má e uma boa -A má, que acaba de ser rejeitada , é a questão sobre se, afinal, existe realmente um mundo exterior. A boa é esta: donde provém a solidez da nossa noção de que existe um mundo exterior? Donde provém a nossa persistência em representar o discurso como sendo de alguma maneira sobre uma realidade, e uma realidade pra além da irritação?
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