Como a razão nada exige que seja contrário à natureza, exige, por conseguinte, que cada qual se ame a si mesmo, busque a sua própria utilidade – o que realmente lhe seja útil -, apeteça tudo aquilo que conduz realmente o homem a uma perfeição maior e, em termos absolutos, que cada qual se esforce quando estiver na sua mão conservar o seu ser (...) E assim, nada mais do que o homem é útil ao homem; quero dizer que nada podem os homens desejar que seja melhor para a conservação do seu ser do que concordarem todos em todas as coisas, de maneira a que as almas de todos formem como que uma só alma, e os seus corpos como que um só corpo, esforçando-se todos à uma, tanto quanto possam, por conservar o seu ser, e buscando todos ao mesmo tempo a utilidade sob a condução da razão, quer dizer, os homens que buscam a sua utilidade sob a condução da razão, não apetecem para si nada que não desejem para os demais homens e, por isso são justos, dignos de confiança e honestos.”
Espinosa, Ética (Ver página e tradução)
Conservar o seu ser, tal como o mecanismo biológico de qualquer ser vivo, o mesmo propósito para humanos e outros seres. Compreendê-lo, no ser humano é compreender a utilidade particular de cada um para a conservação de todos e de si próprio. O todos e o si próprio encontram-se, têm a mesma natureza. Se estivermos de acordo nisso, é possível uma Ética comum.
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