"Cada povo tem, sobre si, um céu matematicamente dividido em conceitos, e, sob a exigência de verdade, entende que nenhum deus conceptual pode ser procurado em lugar algum fora da sua sua esfera "(Nietzsche): somos todos apanhados na verdade das linguagens, isto é, na sua regionalidade, arrastados para a grande rivalidade que governa as suas vizinhanças. Pois cada palestra (cada ficção) luta pela hegemonia; se tem o poder, atravessa tudo no decorrer quotidiano da vida social, torna-se doxa , natureza: a conversa pretensamente apolítica dos políticos, funcionários públicos, da imprensa, rádio, televisão; é a conversação; Mas, mesmo fora do poder, contra o poder, a rivalidade renasce, os dialectos lutam entre si. Uma Regra implacável rege a vida da linguagem; ela vem sempre de algum lugar, é guerreira desse lugar. Imagina-se o mundo da linguagem (o logosfera ) como um enorme e perpétuo conflito de paranóias. Apenas sobrevivem os sistemas (ficções, dialectos) suficientemente inventivos para produzir uma imagem final, o sistema que marca o adversário com termos semi-científicos, semi-éticos, espécie de torniquete que permite ao mesmo tempo ver, explicar, condenar , vomitar, recuperar o inimigo, em uma palavra, fazê-lo pagar.
Tradução de Helena Serrão
O conceito de Logosfera descobre a sua paternidade e também a luz do dia, neste excerto do texto de Barthes. O mundo das linguagens em conflito que lutam pela hegemonia.
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