Sol LeWitt, EUA, 19228/2017 "Janelas" 1980
Embora seja enganador categorizar LeWitt como restrito "puro"
(por oposição a "primeiro") artista conceptual, ele não deixa de ser amplamente considerado muito influente na produção e recepção desta arte, através da publicação, no verão
1967 e em Janeiro de 1969, dos seus "Parágrafos" e"Sentenças"
sobre a Arte Conceptual. Apesar destes textos serem geralmente lembrados como reivindicações programáticas, por exemplo: " a ideia é a máquina que faz a arte "ou " as ideias sozinhas podem ser obras de arte", são também impressionantes quando
revistos à luz da anterior consideração da teoria de Kant sobre a arte como expressão de ideias estéticas.
Consideremos as seguintes generalizações
empíricas que LeWitt faz sobre a nova arte, em 1967:
• Este tipo de arte não é teórica ou ilustrativa de teorias;
é intuitiva, ela está envolvida com todos os tipos de processos mentais e é
inútil.
• Arte Conceptual não é necessariamente lógica [...] As
ideias são descobertas por intuição.
• A Arte Conceptual não tem na realidade muito a ver com a
matemática, a filosofia, ou qualquer outra disciplina mental.
• A Arte Conceptual é feita para envolver a mente do
espectador, ao invés da sua visão ou emoções.
• A Arte Conceptual só é boa quando a ideia é boa.
(...)
Estas preocupações são ainda mais pronunciadas nos "Sentenças
sobre Arte Conceptual” publicadas um ano e meio mais tarde:
• Os artistas conceptuais são místicos ao invés de
racionalistas. Saltam para conclusões que a lógica não pode alcançar.
• Os julgamentos racionais repetem julgamentos racionais. Os
juízos ilógicos conduzem a novas experiências.
• As Ideias não procedem necessariamente por ordem
lógica.
• Uma vez que a ideia da peça tenha sido estabelecida na mente do artista e a sua forma
final decidida, o processo é realizado de forma cega.
• O processo é mecânico e não deve ser interrompido
(adulterado). Deve executar o seu curso.
• A vontade do artista é secundária em relação ao processo que inicia desde a ideia até à conclusão. A sua obstinação só pode ser ego."
Nota: A ordem das frases aqui reproduzida não é a original do texto de LeWitt.
Diarmuid Costello, Kant after LeWitt: Towards an Aesthetics of Conceptual Art, in Philosophy and Conceptual Art, Claredon Press, Oxford, 2007, p.104, 105
Tradução de Helena Serrão
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