Jean Paul Sartre, 1905-1980, França
“ Acabo de fazer um gesto desastrado ou ordinário: (…) Apercebo-me de súbito, de toda a baixeza do meu gesto e tenho vergonha. Claro que a minha vergonha não é reflexiva, pois a presença de outrem à minha consciência, nem que seja à maneira de um catalisador, é incompatível com a atitude reflexiva: no campo da minha reflexão não posso nunca encontrar senão a minha própria consciência. Ora, o outro é o mediador indispensável entre mim e eu próprio: tenho vergonha de mim tal como apareço ao outro. E, pela própria aparição do outro, tenho a possibilidade de fazer um juízo sobre mim como sobre um objecto, pois é como objecto que apareço ao outro. (…) A vergonha é por natureza reconhecimento. Reconheço que sou como o outro me vê.”
Jean Paul Sartre, O ser e o nada
Jean Paul Sartre, O ser e o nada
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