" Querias roubar aquele disco ou aquela peça de roupa numa loja...mas há um vigilante que te observa, ou um sistema de vigilância electrónica, ou tens simplesmente medo de ser apanhado, de ser punido, de ser condenado...Não é honestidade; é calculismo. Não é moral, é precaução. O medo da autoridade é o contrário da virtude, ou é apenas a virtude da prudência.
Imagina, pelo contrário, que tens esse anel de que fala Platão, o famoso anel de Giges, que te torna invisível quando queres...É um anel mágico que um pastor encontrou por acaso. Basta rodar o anel e rodar o engaste para o lado da palma da mão para a pessoa se tornar invisível, e rodá-lo para o outro lado para voltar a ficar visível...Giges, que era um homem honesto, não soube resistir às tentações a que este anel o submetia; aproveitou os seus poderes mágicos para entrar no Palácio, seduzir a raínha, assassinar o rei, tomar o poder e exercê-lo em seu exclusivo benefício... (...) Possuíssem um e outro o anel de Giges e nada os distinguiria: 'tenderiam ambos para o mesmo fim'. Isto é sugerir que a moral não é senão uma ilusão, um engano, um medo disfarçado de virtude."
Comte-Sponville, Apresentações de Filosofia
Tradução de Helena Serrão
Tradução de Helena Serrão
2 comentários:
Em primeiro lugar, achei o texto muito interessante pois tem uma perspectiva impressionante. È muito dificil responder ao problema, se tivesse o anel em minha posse eu tentaria agir conforme as minhas necessidades e não iria a favor da posição de Immanuel Kant... Pois se agirmos da forma que gostamos tudo se torna mais fácil e plasível...
O comentário anterior é do aluno Fábio Varela do 10º D1
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