frag. 2 Vamos e dir-te-ei - e tu escuta e leva as minhas palavras. Os únicos caminhos da investigação em que se pode pensar Literalmente que existe para pensar, antigo sentido dativo do infinitivo): um, o caminho que é e não pode não ser, é a via da persuasão, pois acompanha a verdade; o outro, o que não é e é forçoso que não exista o que não é (isso é impossível), nem declará-lo, pois a mesma coisa tanto pode ser pensada como pode existir (construção como a de cima, literalmente: a mesma coisa existe para pensar e para ser).
frag. 6 O que se pode dizer e pensar é forçoso que seja; pois lhe é possível ser, e não ao que nada é; isto te ordenes que medites. Este é primeiro caminho de investigação do qual te afasto e logo daquele também, no qual vagueiam os mortais que nada sabem, bicéfalos; pois a incapacidade lhes guia no peito a mente errante; eles são levados, surdos e cegos a um tempo, totalmente confundidos - multid~oes sem discernimento, persuadidas de que ser e não ser são a mesma coisa, apesar de o não serem, e para quem o caminho de todas as coisas é reversível.
frag. 7 Porque nunca isto será demonstrado, que as coisas que não são, existem; mas tu afasta o pensamento desta via de investigação, não vá o costume, gerado de muita experiência, forçar-te a deixar vaguar por esta senda o olhar incerto, o ouvido onde ecoam sons ou a tua língua; mas tu julga com a razão a prova muito contestada de que falei."
G.S. Kirk e J.E.Raven, Os filósofos Pré-Socráticos (Fundação Calouste Gulbenkian, Lx, 1990).
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