Acredito que o Homem é, por natureza, um exilado e que nunca será auto-suficiente ou completo nesta Terra; que as suas hipóteses de atingir aqui a felicidade ou a virtude se mantêm mais ou menos as mesmas através dos séculos e que, falando em geral, não são muito afectadas pelas condições políticas ou económicas em que vive (…) acredito (…) que são tão fortes os elementos de anarquia na sociedade que a manutenção da paz é uma tarefa de sempre. Acredito que as desigualdades em termos de riqueza ou de posição são inevitáveis e que, por isso, não faz sentido discutir as vantagens de as eliminar; que os homens se constituem naturalmente num sistema de classes (….) acredito que a guerra e a conquista são inevitáveis.
Evelyn Waugh, Robbery Under Law (1939). Tradução Carlos Marques.[Evelyn Waugh (1903-1966) foi um grande génio literário britânico, autor de vasta obra. Ficou conhecido, entre outras coisas, pelo seu conservadorismo e pelo seu desgosto perante o desrespeito pelas tradições. George Orwell disse dele, numa declaração famosa: "um romancista tão bom quanto se pode ser, um defensor de opiniões insustentáveis." ]
5 comentários:
Li The Man Who Liked Dickens de Evelyn Waugh e fiquei impressionada com a história do pobre diabo, Henty , controlado por um diabólico Mr. McMaster , como aliás o próprio nome indica, não se desse o caso de o leitor ter dúvidas sobre quem dominava quem. Não é que tenha ficado impressionado com a história, mas porque dei por mim a tomar o partido do óbvio vilão, Mr. McMaster, o tal homem que gostava de Filosofia. À partida, nunca defendo o mau da fita, não sou uma criatura fascinada pela maldade, nem sequer a admiro, por isso os demónios acabam sempre por me aborrecer. No entanto, há qualquer coisa nesta personagem que a torna encantadora, e eu sei o que é: McMaster é um cagão. Ocupado durante o dia com os seus afazeres (que nunca percebemos muito bem o que são), tem como excentricidade querer ouvir Henty (o vizinho marrão) a ler em voz alta a certa hora do dia o livro de Filosofia. Mr. McMaster não sabe ler e o destino traz à sua presença, no meio da Amazónia, um pateta de nome Henty (marrão e abandonado pelos companheiros de expedição), aparentemente uma boa alma, mas que é incapaz de perceber o que lhe está a acontecer.
Caro massamansa
fico feliz pelo facto de conhecer um jovem que conhece este GRANDE escritor, pouco conhecido em Portugal nos dias que correm.
Fico também feliz por não se dispersar em temas que não dizem respeito à natureza deste espaço.
Desafio-a ainda a dizer o que pensa das ideias presentes no texto do Waugh.
Finalmente, agradeço-lhe a descrição muito vívida e elegante que fez da pequena história que leu (eu teria posto aspas na palavra 'cagão'...) É destas intervenções que precisamos. São elas que ajudam a promover o conhecimento. É isso exclusivamente que aqui nos interessa!
Carlos Marques
Também li o “ Ente Querido” (“The Loved One”, 1948), de Evelyn Waugh. É a prova cabal de como um livro pode ser divertido. Trata-se da hilariante história de amor entre um funcionário de crematório (para animais de estimação) e uma maquilhadora de cadáveres (humanos). Em plena Hollywood do pós-guerra. As ocupações são ridículas e as personagens também são. Mas se fosse nesta Escola, o romance seria de mau gosto – o que, pelas mãos de Waugh, está longe de acontecer. As piadas não são gratuitas, não existe a menor possibilidade de se emitir uma asneira É sofisticação do começo ao fim. Mostrando, mais uma vez, que o “como” é muito mais importante do que o “o quê”. Evelyn Waugh foi considerado o maior satirista de seu tempo (o século XX) e consegue fazer rir a professora de Filosofia – por mais mal acostumada que esta esteja.
Agradeço o seu comentário na parte que respeita ao Evelyn Waugh. Mas p. favor não insista nas suas queixas contra a escola e professores (mesmo se agora dirigidos a um professor em particular). Sejam elas justificadas ou não, este não é simplesmente o lugar próprio para falar delas.
Vejo que é capaz de comentários interessantes, porque insiste e insiste e insiste em 'lavar roupa suja'? Jlgava que já nos tínhamos entendido a esse respeito. Esta é MESMO a última vez que será tolerado este tipo de intervenção.
O filme "Brideshead Revisited" é baseado no romance de Evelyn Waugh.
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