É este o acordo: preocupar-se consigo e testemunhar contra o colega - ele apanhará dez anos de prisão enquanto você sai em liberdade. Gordon sabe que a polícia pode prendê-los por um ano, seja de que maneira for, apenas por transportarem as facas; mas não têm provas suficientes para culpá-los do roubo. O problema é que o mesmo acordo tinha sido proposto a Toni na cela ao lado - se ambos confessassem e se incriminassem um ao outro cada um apanharia 5 anos. Se ao menos soubesse o que Tony estava a pensar fazer...
Gordon não é louco, avalia cuidadosamente as suas opções. " Supondo que Tony fica calado; então a minha melhor jogada será falar, eu saíria em liberdade e ele apanharia 10 anos. E supondo que ele me aponta o dedo: ainda assim será melhor confessar, testemunhar contra ele, e apanhar 5 anos - por outro lado, se ficar calado, serei eu a apanhar dez anos. Seja o que for que Tony faça, a melhor jogada é confessar." O problema de Gordon é que Tony também não é louco e deve ter chegado exactamente à mesma conclusão. Se se incriminarem um ao outro, cada um apanha 5 anos. Mas se cada um deles ficar calado e não disser nada, apanhariam apenas 1 ano...
(...)
O dilema surge porque cada prisioneiro está apenas preocupado com a minimização da sua pena. Para conseguirem a melhor pena para ambos ( um ano para cada um). devem colaborar e renunciar à melhor saída para cada um individualmente (ir em liberdade). No clássico dilema do prisioneiro, esta colaboração não é permitida, porque de modo nenhum têm razões para confiar um no outro (...) então adoptam uma estratégia que possa pressupor a melhor saída colectiva de modo a evitar a pior saída individual. Acabarão POR ESCOLHER uma solução não óptima, algures no meio.
As implicações mais vastas do dilema do prisioneiro são que a procura egoísta do interesse próprio, mesmo em certo sentido, racional, pode não conduzir à melhor saída para cada um e para os outros ; daí que a colaboração, (em certas circunstâncias ) seja definitivamente a melhor política.
50 ideias filosóficas que precisa saber, Ben Dupré, Quercus Philosophy, pp188,189,190Tradução de Helena Serrão