"A existência de Deus pode ser provada por cinco
vias. A segunda via resulta da natureza da causa eficiente. Vemos que
no mundo dos sentidos existe uma ordem das causas eficientes. Não há
nenhum caso conhecido (nem, na verdade, é possível) no qual se verifique que
uma coisa é a causa eficiente de si mesma; pois, desse modo, seria anterior a
si mesma, o que é impossível. Ora, não é possível regredir infinitamente nas
causas eficientes, porque em todas as causas eficientes ordenadas, a primeira é
a causa da causa intermédia, e esta, quer seja várias ou apenas uma, é a causa
da causa última. Ora, retirar a causa é retirar o efeito. Portanto, se não
existisse uma causa primeira entre as causas eficientes, não existiria uma
causa última nem nenhuma causa intermédia. Mas se for possível regredir
infinitamente nas causas eficientes, não existirá uma primeira causa eficiente,
nem existirá um último efeito, nem quaisquer causas eficientes intermédias; e
tudo isto é completamente falso. Portanto, é necessário admitir uma primeira
causa eficiente, à qual todos dão o nome de Deus."
São Tomás de Aquino,
Suma Teológica, Parte a, 2, 3.
4 comentários:
Diria, então, que ou há causa primeira ou não há causa alguma? E, portanto, ou se diz que há esta primeira causa ou se argumenta contra o princípio da causalidade?
Olá, não podemos argumentar contra a causalidade pois isso poria em causa todo o nosso conhecimento, Hume fê-lo, a causalidade é a nossa forma de compreensão do mundo, chegaríamos a uma posição céptica, poderemos ainda dizer que não há uma primeira causa, ou se existe não poderemos saber qual é, como diria Kant, não podemos disso ter conhecimento, ou ainda há causas infinitas, em sucessão infinita, ou ainda que há uma causa física o Big Bang, mas também não é satisfatória visto que teríamos de contar com o acaso.
Pois é: Deus é causa primeira. O sujeito se acabando a cada dia, e ainda lutando contra o óbvio e o intuitivo. Cansa.
Enviar um comentário