Sebastien Durand
“Os pensadores essenciais dizem sempre o mesmo. Isto, porém, não quer dizer: o igual. Não há dúvida que eles só dizem a quem se empenha a meditar sobre eles. Na medida em que o pensar, rememorando historicamente, presta atenção ao destino do ser, ele já se adequou ao humor que é adequado ao destino. E, contudo, permanece o elemento aventureiro, a saber, como o constante risco de pensar. Já é tempo de desacostumar-se de super valorizar a filosofia e de, por isso, lhe vir com exigências. Na presente indigência do mundo, é necessário: menos filosofia, mas mais desvelo de pensar; menos literatura e mais cultivo da letra.
O pensamento futuro não é mais filosofia, porque pensa mais originariamente que a “metafísica”, nome que diz o mesmo. O pensar futuro também não pode mais, como exigia Hegel, deixar de lado o nome de “amor pela sabedoria” e nem ter-se tornado a própria sabedoria na forma de saber absoluto. O pensar está na descida para a pobreza da sua essência precursora. O pensar recolhe a linguagem para junto do simples dizer. A linguagem é assim a linguagem do ser, como as nuvens são as nuvens do céu. Com seu dizer, o pensar abre sulcos invisíveis na linguagem. Eles são mais invisíveis que os sulcos que o camponês, a passo lento, traça pelo campo. “
Martin Heidegger, Carta sobre o humanismo, Lisboa, Guimarães, 1980, pp.123-125
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