À questão " deverá o tolerante tolerar o intolerante?", deveria ser dado em resposta um retumbante "não".
A tolerância tem de se proteger a si própria. Pode fazê-lo facilmente, dizendo que todos podem expor um ponto de vista mas ninguém pode forçar os outros a aceitá-lo. A única coerção deve ser a da argumentação ; a única obrigação , o raciocínio honesto. (...)
A intolerância é um fenómeno psicologicamente interessante porque é sintomático de insegurança e medo. Os fanáticos, que, se pudessem, nos obrigariam a agir em conformidade com o seu modo de pensar, poderiam pretender estar a tentar salvar a nossa alma, mesmo contra a nossa vontade, mas, na verdade, fá-lo-iam porque se sentiam ameaçados. (...) O medo gera a intolerância e a intolerância gera o medo: o ciclo é vicioso.
C. Grayling, O significado das coisas, Gradiva, pp 23-24
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