“Muitos cientistas naturais almejam um tipo distinto de
progresso, que os filósofos a começam a reconhecer como um objetivo apropriado
para eles também.
O estereotipo do progresso científico é descobrir uma lei da
natureza. Tais leis são supostamente generalizações universais acerca do mundo
natural, que se verificam sem exceção para todos os tempos e lugares, por algum
género de necessidade: ótimo se conseguir encontrar uma. (…)
Ainda assim, a filosofia surge de um impulso natural na
curiosidade humana articulada para ir a uma espécie de extremo nas suas
questões, e uma determinação em usar os métodos mais adequados disponíveis para
lhes responder, não aceitando substitutos. Esse impulso e essa determinação não
se extinguirão facilmente.
O progresso nas teorias filosóficas resulta em progresso nos
métodos filosóficos, e o progresso nos métodos filosóficos resulta em progresso
nas teorias filosóficas. A caixa de ferramentas metodológica (…) pode seguramente
ser aperfeiçoada. Tal como outras ciências aperfeiçoam os seus métodos,
acontecerá não através de qualquer rutura melodramática com o passado, mas por
um difícil processo iterativo de auto refinamento."
Timothy Wlliamson, Filosofar, da curiosidade comum ao
raciocínio lógico, Gradiva, ,Lx, 2019, p.150
Há aqui duas visões (a deste texto e a do texto anterior) da natureza do conhecimento filosófico e do estatuto a que a Filosofia almeja. A metodologia do trabalho do filósofo também é vista de forma diferente. A história da Filosofia interpreta-se de acordo com estas duas crenças básicas. A primeira afirma que as teorias Filosóficas almejam à mesma universalidade e verdade da Ciência, têm a sua autonomia face às ciências mas uma metodologia semelhante; a segunda apela a uma visão da Filosofia cuja natureza é radicalmente diferente da ciência porque, contrariamente a esta, não obedece à fiscalidade empírica. Se analisarmos, ambas as tendências representam a própria essência do questionamento filosófico, em que a abdução não é possível pois se trata de princípios radicalmente diferentes o que, por si, tende a dar razão à segunda posição: não há forma de escolher a melhor explicação e descartar teorias filosóficas como se descartaram ao longo do tempo as teorias científicas. HS
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