30 janeiro de 1960 / 9 de dezembro de 2025
Não quero arrumar o meu pensamento numa lógica, qualquer que seja. Só me apraz indignar-me com esta história que acaba aos 65 anos, cedo ainda e ainda cedo. Enfurecer-me com o abandono, a solidão destemperada na morte aparece-me como um castigo por se ter saído da caixa, por se ser uma mulher fora do comum, e culpo a sociedade e culpo a crendice ou insensibilidade dessa senhoria que expulsa alguém da casa que alugava há trinta anos, justamente numa altura em que havia vulnerabilidade, culpo a Lusófona por despedir uma mulher brilhante por causa de umas fotografias ridículas, culpo todo esse dedo em riste patriarcal e matriarcal! Ai mulher porque não tiveste tu filhos! Credo! Para que serves tu Oh infértil!!! Vade retro!
Entristeço depois, por teres morrido, por te admirar, como escritora e como pessoa, na forma como davas brilho a tudo o que afloravas com palavras.
Salve Clara! Estes que aqui vivem Saúdam-te!
